"6 meses de infelicidade, é tipo isso q vc ta dizendo?"

Não. Me recuso.

Como assim: 6 meses de infelicidade?!

Pensa quanta coisa feliz te aconteceu nos últimos seis meses, tipo.. Tipo...

É muita pretensão falar que você me conheceu, né?

É muito estranho pensar que em questão de meses sua vida, ou parte importante dela, pode mudar por culpa de alguém..

Quer dizer, seis meses que tenho certeza de que não sou uma idealista sonhadora e louca, pelo menos, não a única..!

Seis meses que eu redescobri a arte de ser irônico, as piadinhas marotas, e as sacadas geniais.

Seis meses que eu venho tentando falar e escrever, de um certo jeito. Do seu jeito, o jeito mais foda possível. De novo e sem muito sucesso..

De novo, voltei a ter esperanças de que o mundo não é algo tão cheio de nada, de que entre as pessoas vazias, tem algumas com conteúdo.

Seis meses que considero uma pessoa, com tanta intensidade, quanto o meu mais velho amigo de infância.

E, de novo, eu me vejo como uma péssima amiga.

Não diga isso sobre os últimos seis meses...

Afinal, se após seis meses, você conclui que tudo foi infeliz, pra que eu sirvo mesmo?

Se em seis meses eu não consegui nem trazer um momento feliz à tona...

"Coisa de criança, né? Imaginar diferente do real.."

É algo estranho. Você sabe o quanto a gente já não viveu juntos? Mais de metade da minha vida, você tava lá.

Tava lá. A gente fazia umas besteiras, coisa leve.. Acreditavamos ser diferentes, ter uma amizade única e inatingível...

Sinto sua falta, ok?

Cadê você? Não te vejo mais. Quero conversar, quero te abraçar. Talvez nunca tenha sido nada, ou talvez tenha sido tudo. Talvez seja, ainda.

Ual.

Isso você nunca pensou, né?

Não, nunca. Nem eu. Mas agora tá meio evidente, pelo menos pra mim..

Nunca imaginei que eu ia crescer, e o mais impressionante: que você ia crescer comigo.

Nunca pensei que meu amiguinho, que outrora era só meu, ia ser conquistado com tamanha força, e assim: por inteiro..

Nunca pensei que ia ter que não te aturar... Meio triste.

Na minha cabeça eu nunca ia te largar. A verdade é que crescemos, e que, quem diria, sabe como é.. Eu imaginei diferente...

Não achei que ia te ver assim, e se achei, achei que você ia também, afinal, partimos de um mesmo ponto, mas teve uma hora que eu parei, e você? Você foi.

Coisa de criança, né? Imaginar diferente do real..

Minha capacidade de foder tudo:

"É uma fraqueza minha. De tanta insegurança, eu trato mal a garota, para que ela desencane de mim, e isso é a pior coisa do mundo. Desprezo, não cumprimento, verdadeira sujeira. Não tenho o menor respeito com o sentimento alheio. Egoísta, eu sei. Sou um filho-da-puta, eu sei.

...

Hoje em dia melhorei."

- (página 98 do livro "Feliz Ano Velho", de Marcelo Rubens Paiva)